É inegável a importância que cada eleição tem para o brasileiro, pois são essas pessoas a quem damos o poder direto de coordenar nossas vidas e as vidas das pessoas que amamos que poderão nos beneficiar, como cidadãos, ou prejudicar cada passo do nosso desenvolvimento individual e coletivo. No entanto, vejo na grande maioria dos brasileiros um descaso hereditário e incentivado pela política, onde é comum ouvirmos depoimentos como "tanto faz, todos eles roubam, mesmo", "bandido por bandido, eu voto é nulo" ou "já estou se saco cheio de política, quando acaba as eleições?". Esse descaso já é perceptível ainda quando o cidadão não passa de uma criança e ao se ver frente a um teste escolar, abandona e sai da sala, ignorando a importância daquela avaliação em sua vida.
A política é uma das coisas mais fascinantes que existem, mas infelizmente o brasileiro aprende a, desde cedo, odiá-la. Dizem que é por causa da falta de credibilidade dos nossos políticos, dos constantes escândalos de corrupção, das melhoras que nunca chegam, das promessas não cumpridas, mas, de fato, odiamos a política porque somos educados a odiá-la. Fomos e somos doutrinados num sistema de educação e sociedade em que ler é hobby, quando deveria ser necessidade; A televisão, que deveria ser um hobby, é uma necessidade e não falta na casa de nenhum brasileiro, mesmo os mais paupérrimos. E nos programas de TV, uma avalanche de futilidades ocupam quase toda a programação, deixando pouquíssimo espaço para alguns programas educativos e conscientizadores na madrugada. A internet que deveria ser uma poderosa ferramente de aquisição e desenvolvimento do conhecimento, não passa de uma realidade virtual de interação coletiva e compartilhamento de futilidades. Nossos professores advertem: "Ler é preciso!", quando nem eles mesmos leem. Crescemos cercados pela cultura do entretenimento: desenho animado, filmes, novelas, futebol, festas, reality shows... Entretenimento que anestesia nossas vidas, tornando-as tão absurdamente cômodas que embrenharmo-nos nos estudos da sociedade, da política, das causas futuras e buscar contribuir de alguma forma ao futuro da humanidade passa a parecer uma causa desnecessária e fútil.
O descaso que o brasileiro tem pela política é o mesmo descaso que cada um tem por suas vidas. É a confirmação de que aquele sentimento espiritual que nos encaminha a uma contribuição única que cada ser humano tem a oferecer em vida à humanidade, já não existe mais. O que sobrou foi apenas o ócio, o comodismo e uma esperança utópica de que as coisas melhorem por si só.
Você foi muito feliz na sua crítica Girotto. Recentemente, eu estava conversando sobre isso com uns amigos meus que se importam com política, e a gente percebeu que o buraco é muito mais profundo do que as aparências sugerem. Generalizar o desencanto e a mediocridade da política é a decisão mais cômoda para a maioria, porém, deveriam olhar mais para si mesmos e reconhecer que o egoísmo é o grande propulsor da ignorância, quantos não pensam "Que se dane esse bando de nojentos corruptos, o importante é que eu tenha o meu emprego e dinheiro para pagar minhas contas". O que falta para as pessoas é consciência social, algo que seria motivado pelo estudo da política, mas "o que isso me importa? o que eu ganho com isso? Enquanto isso não me afetar não tenho motivos para me preocupar". Soturna realidade.
ResponderExcluirNo mais, grande texto!!! Abraços