AINDA SONHO

by 22.11.15 1 comentários


A quietude me fascina.
Sou homem rocha, estático,
feito para a calmaria — dias sem vento.
Acompanho o fluir dos dias com paciência,
como uma criança que desconhece o tempo.

Foi assim que vi você partir.
Foi assim nosso devir.

Vejo-me olhando tuas fotos sociais,
relembrando aqueles dias atrás
que foram tão felizes e ingênuos,
mas que foram...
Não voltam mais.
E uma força gravitacional
comprime esse coração de pedra
transformando-o em areia — fragmentos.

Foram tantos momentos
e ainda sonho com todos eles.

Sim, faz-se presente na ausência.
Na ausência do corpo
que ainda sinto em minhas mãos.
Na ausência do cheiro,
ainda resquícios em meus pulmões.
Na ausência, sobretudo,
do teu ser em mim.

Mas teve que ser assim (?)

O que me consola é a nossa capacidade
de encontrar a felicidade
em outros corações e laços.

Mas em mim permanece a vontade
de lançar-me dessa cidade
e atirar-me em teus abraços.

Girotto Brito

Escritor

Poeta e contista, autor do livro "Os três lados da moeda: vida e morte em poesia" e colaborador em diversas antologias de contos.

Um comentário:

  1. UAU, acho que é isso o que posso dizer a respeito do texto, Girotto. Você brincou com as palavras e metáforas de uma forma sensacional. Foi triste ler.

    Desculpe pela ausência nos comentários, mas sumi do blog num geral. Senti saudades de ler teus versos. Parabéns.

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