O ENCONTRO
Não lembro ao certo em qual das noites de outono
Nem mesmo se o sono houve de perturbar minha mente
O que lembro
vagamente
é que realmente houve o encontro
com a mitológica serpente,
Capiroto
Satanás
ou qualquer nome que venha à mente
E disse-me o anjo caído:
Sem minha presença entre os mortais
não haveria a grandeza humana!
"Blasfêmia!", eu teria dito,
mas antes do soar do apito
sua voz insana insistiu em me interromper:
O que serias de ti, poeta,
sem uma ponta de orgulho e vaidade?
Como haveriam de nascer os Papas e Santos
sem um mínimo de luxúria na Terra?
Como prosperariam os povos
sem uma dose da sutil avareza?
Sem me dar tempo à resposta
partiu sem deixar saudade
e ainda hoje relembro o encontro
do dia em que o próprio mal
destilado da sabedoria ancestral
me ensinou o valor da maldade
Da bondade dos maus
e da maldade dos bons.
Girotto Brito
EscritorPoeta e contista, autor do livro "Os três lados da moeda: vida e morte em poesia" e colaborador em diversas antologias de contos.
Poesia reflexiva... muito boa!
ResponderExcluirTodo e qualquer encontro nos modifica de alguma forma, nunca saímos ilesos. Deixamos algo ou levamos algo conosco... Muito bom!
ResponderExcluirMuito introspectivo e reflexivo o texto!
ResponderExcluirBom final de semana e bjus!
http://www.elianedelacerda.com
Bravo!!!!!!