"Os Bêbados", pintura de José Malhoa, 1907. |
Entre
becos e estreitas vielas
De
velhas e imundas casas verde-amarelas
Moram
os bêbados e aleijados
Moram
os cornos e falsas donzelas
Entre
moscas e urubus famintos
Nas
favelas, nos labirintos
Moram
as putas e suas crianças
Também
mulheres e homens distintos
Nesta
morada de ratos e ratazanas
Onde
esgotos e ruas não se diferem
Vivem
os homens, também as damas
As
prostitutas em suas camas
E os
vagabundos pelas calçadas
Vivem
pedindo, ao que respondo:
“— Não
tenho nada!”
“— Não
temos nada!”
Somos
famintos na madrugada
Todos,
um bando de errabundos
Sem
rumo, sem metas
Somos
nada no mundo
Aprisionados
por quem nos cerca
Somos
todos ratos do subúrbio
Mergulhados
nessa merda toda
Que
nos sufoca numa pobreza eterna
E
nossos filhos e nossos netos
Não
terão casa, não terão teto
Nem
direitos, nem alfabeto
Senão
como nós, seus pais e avós:
Apenas falsos libertos
Cheios
de vermes e solitárias
Vivendo
essa vida ordinária
Que
nos consome
Mais
que nossos próprios vermes
Que
nos corrompe
Mais
que nossos próprios chefes
Ao que
respondo:
“— Não
tenho nada!”
“— Não
temos nada!”
Somos
famintos na madrugada.
SUBURBANOS... Que belo poema, Dênis. As palavras
ResponderExcluirparecem ter jorrado de sua mente, como desenfreada cascata.
Gostei muitíssimo, amigo!
Beijos!
Obrigado, Shirley.
ExcluirAbraços fraternos!
Oi Dênis!
ResponderExcluirO que somos afinal no meio disso tudo?
Excelente poema. Parabéns!
http://joandersonoliveira.blogspot.com.br/
Podemos estar fazendo parte do subúrbio ou mesmo estar entre os que o cercam.
ExcluirObrigado pela visita, Joanderson.
Grande abraço!
Suburbanos, sub-vidas, distraídas. abandonados a própria sorte, a margem dos poderes públicos. Só tem a vantagens de serem fortes no pouco bocado, na dura vida dura, acostumados as intempéries da vida, não se abalam fácil, são duros, rudes, de aço. Abraços, Girotto. Ótimo poema engajado, de cunho social.
ResponderExcluirFortes sim, esse povo é forte.
ExcluirAs adversidades os tornam assim, calejados.
Agradeço a visita, Fábio.
Abraços fraternos!