Mais vale um na mão que dois voando { Parte II }

by 25.10.13 1 comentários
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Um mês se passou e ela se foi. Durante alguns meses continuamos namorando por telefone, eu ligava ou ela ligava, passávamos horas falando um do outro, contando sobre nossas vidas, principalmente sobre a dela que havia mudado bastante. Eu não ligava para os custos das ligações, só precisava ouvir sua voz. Tinha uma voz linda. Quando ela começava a falar parecia que eu estava diante de um livro e automaticamente eu me desligava do mundo, era só eu e Fernanda. Mas os meses foram passando, eu fui conhecendo novas pessoas, ela também, e junto com os meses foi passando também nosso amor. Acredite, um amor é capaz de resistir à distância, mas não ao tempo. Este é cruel com os amantes e, como um balde de água fria, vai apagando dia a dia aquela fogueira que só quem ama sabe da existência, e mesmo que não apague por completo, deixa fraco o bastante para que se extingue com qualquer sopro do vento.

Depois de oito ou nove meses eu já não ligava mais com a mesma frequência. Estava fazendo faculdade e tinha muitos afazeres, mas isso não me impedia de ligar, o fato era que ambos relaxamos e abrimos a porta para o que veio a acontecer.

Certo dia, meu pai foi convidado a ir num aniversário de uma filha de um cliente seu. Meu pai, como todo bom empresário, confirmou sua presença na festa e junto, levou a mim e a minha irmã, Denise. Eu odiava essas festas clichês que sempre tínhamos que ir para agradar os clientes de papai, geralmente eram muito chatas e as pessoas eram velhas demais para minha idade, mas essa, logo que cheguei percebi que iria gostar, pois assim que desci do carro na frente da casa onde estava acontecendo a festa, apurei os ouvidos e pude reconhecer a música ‘Novos Horizontes’ dos Engenheiros. Eu adorava Engenheiros do Hawaii, passava o dia escutando.
Entramos, tinha muita gente, minha irmã foi cumprimentar algumas amigas dela e meu pai se dirigiu em direção aos pais da aniversariante para mostrar que estava lá prestigiando a festa. Reconheci poucos rostos familiares, cumprimentei alguns, mas permaneci num canto do salão vendo as dezenas de pessoas rirem, beberem e dançarem. Aceitei uma lata de cerveja que me ofereceram e notei que tinham mudado a música para forró. Não sabia dançar. Denise passou por mim e perguntou por que eu estava tão parado. Em resposta fiz um gesto com as mãos indicando que estava entediado e ela balançou os ombros como quem queria dizer ‘não posso fazer nada’. Nesse momento a música cessou, ouvi alguém falando aos convidados, mas não entendi o diziam, então todos começaram a se aglomerar próximo à mesa do bolo e percebi que era a famosa hora de cantar o PARABÉNS. Fui também pra não ser desagradável.


Todos se empurravam pra ver a aniversariante, então preferi não me aproximar muito, não gosto de aglomerações. Cantaram, bateram palmas, riram, brincaram e depois, como sempre, se afastaram e voltaram a dançar, beber e gritar. Foi nessa hora, em que todos saíram da minha frente que pude ver a aniversariante...

Continua...



Girotto Brito

Escritor

Poeta e contista, autor do livro "Os três lados da moeda: vida e morte em poesia" e colaborador em diversas antologias de contos.

Um comentário:

  1. Comooo assim continua????
    cadê o restooo???
    bora logo quero saber do final =P

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