...
Era
divinamente linda. Pele branca cor de pérola, seus cabelos longos, lisos e
loiros emitiam o brilho das luzes ao redor. Tinha a boca rosada, os olhos
claros penetrantes, e um sorriso que poderia facilmente convencer qualquer
homem a cometer uma insanidade. Fiquei perplexo diante de tanta beleza. Ela
então me olhou brevemente, e como quem queria me dizer algo, sorriu. Naquele
momento eu não sabia o que fazer, não a conhecia, e duvidava que o sorriso
tivesse sido realmente para mim. Poderia ter sido pra qualquer outra pessoa que
estivesse por perto e, erroneamente, eu poderia estar me iludindo. Quando
voltei a mim após alguns segundos, perdido em pensamentos, ela já não estava
mais lá. Imaginei que havia entrado na casa da família e a perdi de vista.
Voltei
ao local onde estava no início da festa e me servi de mais uma cerveja. Meu pai
falou para eu não exagerar na bebida e informou que estaríamos indo embora em
vinte minutos. Aborrecido por não ter amigos ali para me acompanharem resolvi
esperar meu pai e Denise no estacionamento. Sentei no meio-fio e fiquei
saboreando minha cerveja, pensando nas peripécias dos seres humanos, na razão
da vida e, principalmente, na forma como conduzia minha própria trajetória.
–
Oi! – ouvi uma voz atrás de mim. Era ela – Pensando na vida?
–
É, viajo em pensamentos às vezes.
–
Sou meio assim também.
–
Ah, meus parabéns! Dezessete anos, né? - Me aproximei para abraçá-la, mas
transparecendo meu nervosismo diante da situação. Dei-lhe um abraço, tinha um
perfume diferente, doce, gostoso.
–
Sim, dezessete. Você é o filho do Sousa, né?
–
Sou sim. Meu nome é Felipe, na verdade, mas geralmente as pessoas só lembram de
mim como ‘O filho do Sousa’, (risos) já estou acostumado.
–
Acontece quando se tem pais muito conhecidos. Meu nome é Jéssica, mas você já
deve ter ouvido na festa.
Eu
realmente tinha ouvido em algum momento, mas já não me lembrava. Tenho uma
péssima memória para gravar nomes de pessoas. O tempo começou a esfriar,
estávamos em dias chuvosos, mas só nublava naquela hora. Convidei-a então para
caminhar um pouco pela rua enquanto meu pai não vinha, e nos conhecermos
melhor. Enquanto caminhávamos ela contava de sua vida, seus afazeres e sua
família. Tinha uma voz muito agradável de ouvir. Falei pouco de mim. Sempre fui
bastante reservado e contei somente resumos do que eu fazia em meu dia a dia.
–
Estou com frio. – De repente ela me diz, mudando totalmente de assunto. E eu,
interpretei essa afirmação como sinônimo de “me abraça?”. E foi o que eu fiz.
Ela me olhou surpresa, mas seus olhos me diziam que o abraço já era esperado.
–
Hoje o acaso me apresentou você, e me mostrou com quem posso ser feliz. – foi o
que eu sussurrei em seu ouvido. Exatamente o que eu sentia, que algo novo
estava surgindo para mim. Um amor, quem sabe? E ela, passou seu rosto
suavemente pelo meu, deslizando sua boa até a minha.
Ali
começava uma nova história, mas não encerrada aquela que eu ainda vivia. Eu
ainda namorava a Fernanda e, por mais que estivéssemos longe e que o tempo
tivesse apagado parte do nosso amor, eu ainda a amava.
Continua...
Acompanhe desde o início:
Muito bom o conto. Gostei. Esse nome da menina Jéssica é nostálgico pra mim. Parabéns Denis!
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