CARTA PARA UM AMOR LATENTE

by 5.4.15 11 comentários

Não faz tempo que te conheço
Vi-te passear outro dia
Criei por ti exímio apreço
Entorpecido fiquei

Perdi-me em devaneio
E com receio nem sequer me aproximei
Perdi um dia inteiro, entristecido
Vi, de longe, tua polidez

Quase me esqueço
Do pobre homem que sou:
Assimétrico adereço,
Intrépido sonhador

Quem dera eu fosse sagaz como você
Perspicaz em toda minha candidez
Mas o amor é algoz, querida
É fera feroz a destilar acidez

Resta-me ser condescendente
Enxergar-te-ei, sempre
De forma esp(a/e)cial
E manterei eternamente
— mais do que o normal —
Esse amor oculto,
Latente,
Abissal. 
© Girotto Brito

Girotto Brito

Escritor

Poeta e contista, autor do livro "Os três lados da moeda: vida e morte em poesia" e colaborador em diversas antologias de contos.

11 comentários:

  1. o amor é belo demais para ser omitido como se nunca machucasse o peito.
    é belo demais quando proporciona e inspira versos assim.
    quando cria passagens/expressões tão criativas quanto o jogo de palavras/ideias entre especial e espacial.
    porque amor é sentir e deve ser dito, deve ser mostrado.
    a gente nunca sabe o que o outro sente: até as mentes mais previsíveis podem surpreender.


    beijo

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    1. Muito bonito o seu comentário, Carol.
      Obrigado pela visita.
      Bjão :)

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  2. "Mas o amor é algoz, querida
    É fera feroz a destilar acidez" EU!

    já disse que estou adorando os jogos de palavras? cada vez melhor maninho. ah, felicíssima pelo livro =] meu exemplar é autografado!
    que as coisas continuem dando certo

    Desconstruindo blog

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  3. Que lindos versos, Dênis!
    O amor é assim: as vezes espalhafatoso, barulhento... Mas as vezes é tímido e prefere ficar num cantinho oculto, esperando o momento certo para se despir.

    Muito bom te ler.

    Beijo, amigo.

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    1. Obrigado, Lu. Fico feliz que tenha gostado e agradeço as visitas.
      Bjão.

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  4. Eras parabéns Dênis, que forma criativa para descrever um amor platônico!
    Sempre achei amores calados tão belos, deve ser por causa do meu romantismo rs, mas é tão difícil expressar algo assim sem parecer clichê, já que o próprio romantismo é tão clichê rs... E tu como sempre expuseste tua criatividade, adorei a expressão amor latente, incrível!
    beijos.

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    1. Obrigado, Lu. Realmente é sempre um desafio falar do amor. Esse sentimento já foi tão escrito e reescrito durante milênios que expressá-lo de maneira autêntica não é tarefa fácil. Rsrs.

      Grande abraço!

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  5. Que estranho nem sempre amamos quem nos ama, e quem nos ama não amamos, porque o amor geralmente é divisão, desencontro, desencanto, subtração e dificilmente é soma. Abraços, Girotto.

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    1. Bem colocado, Fábio. Há quase sempre uma certa ingratidão no amor, ou quem sabe uma univalência. Obrigado pela visita. Abraços!

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  6. Muito bom Dênis, como sempre destilando sentimentos em versos calculados e inventivos.
    Certamente você é um dos melhores poetas dessa nova geração.
    Abraços meu caro.

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