...
Era
exatamente 16:22 quando o ônibus chegou na rodoviária. Fernanda com aquele seu
jeito único, desceu do ônibus sorrindo e correndo se jogou no meu peito. Ela
continuava linda, como da última vez que eu a havia visto e seu perfume, nem sei
como posso descrever: Era maravilhosamente sedutor!
Após nos
beijarmos e trocarmos algumas palavras, eu a levei para a casa de sua tia onde
ela iria ficar hospedada. Estava muito feliz, mas ao mesmo tempo preocupado,
pois tinha marcado com a Jéssica de nos encontrarmos lá em casa e ainda estava
pensando o que eu ia dizer para a Fernanda para poder dar a escapada. Depois de
um lanche, de termos colocado muitos assuntos em dia e nos curtido bastante, menti
dizendo que precisava dar uma saída para resolver alguns assuntos de meu pai,
mas que voltava às 20:00 para saírmos. Ela não desconfiou, despediu-se e foi arrumar
suas roupas que ainda estavam na mala.
Jéssica já me
esperava em casa quando cheguei.
— Oi Jéssica,
faz tempo que está me esperando?
— Não,
cheguei ainda há pouco. Estava conversando com a sua mãe, ela me fez companhia.
Com foi lá no banco?
Minha mãe me
olhou com aquela expressão indicativa de que a mentira sobre o banco era de sua autoria.
— Foi
tranquilo, apesar da demora em ser atendido.
— Que bom.
— Quem aceita
bolo de chocolate? — interrompeu minha mãe.
Comemos o
bolo entre conversas e carícias, no entanto, minha consciência estava me
atormentando. Por mais que eu amasse a Fernanda e já tivesse uma história com
ela, eu sabia que em poucos dias ela retornaria à sua cidade e eu teria que
conviver com aquele gélido namoro à distância novamente. Por outro lado,
Jéssica era adorável e eu também me identificava de uma maneira especial com
ela. Essa situação me acompanhou por três dias, nos quais eu quase enlouqueci
desdobrando-me de um canto a outro da cidade e organizando horários para que
pudesse atender aos dois amores sem que elas desconfiassem do que eu estava fazendo.
Todo meu esforço
foi inútil! No terceiro dia, Fernanda me ligou e disse que queria conversar
comigo. Marcamos então em uma praça que sempre frequentávamos quando ela ainda
morava em minha cidade. Eu senti em sua voz que era algo sério que ela queria
tratar comigo.
Já na praça,
sentados no banco olhando um para o outro, ela me questionou:
— Não sou
boba, Felipe. Tenho notado suas desculpas para se ausentar. O que está
acontecendo? Eu fui uma burra em vir para cá sem ter avisado antes! Viajei mais
de mil quilômetros por você e agora que estou aqui tenho que ficar ouvindo
desculpas esfarrapadas. Você tem outra, é isso?
Eu não teria
coragem de dizer a ela que tinha outra pessoa, pois sabia que isso a magoaria
demais. Mas decidi pôr um fim em tudo aquilo, mesmo não tendo certeza se era a
melhor coisa a se fazer.
— Não amor,
eu não tenho outra pessoa. Mas confesso que realmente estou ausente e que não
retribuí a sua visita como você merecia. Desculpe-me por isso.
Lágrimas
começaram a caminhar em seu rosto e meu coração doía à medida que soltava as
palavras.
— O fato é
que todo esse tempo que passamos distante um do outro esfriou nosso
relacionamento e hoje nosso namoro não tem mais o mesmo sabor que tinha antes.
Amanhã você voltará para sua cidade e eu ficarei aqui sozinho, apenas com a
lembrança de um amor que já foi maravilhoso, no passado. Nosso namoro foi muito
bonito, mas não há futuro para nós dois.
— Você quer
terminar, é isso? — ela sussurrou baixinho.
Respirei
fundo antes de responder, pois sabia o quanto sofreríamos com aquela resposta.
E disse:
— Sim.
A partir daí
ela não disse mais nada, apenas me deu um abraço e um beijo no rosto e saiu me
deixando naquele banco de praça com os sentimentos mutilando minha alma.
Sentimentos de angústia, tristeza e culpa. Talvez eu não tivesse feito a coisa
certa — pensei — mas já estava feito.
Continua...
Acompanhe desde o início:
Quando há amor, sempre dá para voltar atrás.
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